Concepções de infância ao longo da História


A pesquisa tem por objetivo mostrar através da história como a concepção de infância foi se constituindo ao longo dos tempos. A infância deve ser compreendida como um modo particular de se pensar a criança, e não como um estado universal, vivida por todos do mesmo modo. A concepção de infância foi historicamente construída, perpassando pelo o adulto em miniatura na Idade Média e chegando a criança cidadã na Contemporaneidade. Na sociedade medieval as crianças eram representadas como adultos em miniaturas, sendo vestidas e expostas aos mesmos costumes dos adultos. Não existia nesse período, o chamado sentimento de infância. Na Roma Antiga, o nascimento de uma criança não era apenas um fato biológico, mas também um fato de aceitação paterna. Durante este período da história a contracepção, o aborto, o abandono e morte de crianças eram atitudes corriqueiras e consideradas legítimas. A relação criança/infância foi se modificando a partir da difusão de novos pensamentos e condutas da Igreja Católica. Estas novas condutas fizeram com que surgissem novos modelos familiares que ressaltavam a importância do laço de sangue. Já no século XVIII a Igreja Católica passou a acusar quem matasse crianças de praticar bruxaria. Já no século X e XI o matrimônio e o ato de procriar passaram a ser considerados sagrados. A infância passa a ser reconhecida a partir do discurso cristão do "culto ao menino Jesus" e do "massacre dos inocentes" praticado por Herodes. Segundo o autor, passa a se propagar a idéia de que a criança é um mediador do céu e da terra, e que destes vêm falas de sabedoria. Foi neste cenário, que se emerge o sentimento de infância. Apenas no século XVIII com o surgimento do sentimento de infância, que a concepção de infância se efetivou. Nesse contexto a criança surge para ser amada e educada, sendo que esses deveres constituíram a família base da sociedade. Essa transformação implicou em se planejar os nascimentos, pois, os pais passaram a se sentir responsáveis pelo futuro da criança. A individualização do ser criança se refere, nesse momento histórico, à percepção da criança como indivíduo, caracterizando-a com um mundo próprio. Nessa circunstância, os pais começaram a preocupar-se com a educação das crianças e proporcionar a elas seu mundo próprio. Nesse período a criança começa a ser o centro da família devido a sua ligação com a figura dos anjos que são tidos como seres puros e divinos. Esta concepção de indivíduo faz com que a criança se tornasse alvo do controle familiar, bem como, do meio ao qual estava inserida. Tal fato favoreceu o surgimento da instituição escolar. A criança começou a ser reconhecida como um indivíduo social, inserida dentro da coletividade, onde a família demonstrava preocupação e interesse por saúde e educação. A sociedade passou a criar instituições específicas para as crianças, dentre elas a escola. Essas instituições foram criadas com o intuito de educar e disciplinar moralmente as crianças. A escola surge junto com a idéia de que a infância é um período de vida que precisa ser cuidada e moldada. Atualmente, a criança é considerada um ser competente, tem suas necessidades, seu modo de pensar e agir, modos que lhe são próprios. Oriunda do latim fari-falar, dizer, e do complemento fans, a criança é in-fans, ou seja, aquele que não fala. Portanto, as crianças de hoje não são iguais às dos anos passados, nem serão as mesmas que virão nos próximos anos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vida e Obra Eva Furnari

  Eva Furnari é uma escritora de livros infantis e ilustradora brasileira. Sua obra foi agraciada com diversos prêmios, entre eles, sete Prê...