Abraços,
Rebeca Lucena Dantas
Pedagoga
Discente do Curso de Pedagogia-UECE/CE
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Oi galera que lê o meu blog, tudo bom com vocês?Comigo está tudo ótimo. Donald Woods Winnicott nasceu em 1896 numa família rica de comerciantes em Plymouth, na Inglaterra. Ao entrar na faculdade de Medicina, foi convocado para servir como enfermeiro na Primeira Guerra Mundial, na qual fez as primeiras observações sobre o comportamento humano em situações traumáticas. Especializou-se em pediatria, trabalhando 40 anos no Hospital Infantil Paddington. Paralelamente, preparou-se para ser psicanalista. Trabalhou como consultor psiquiátrico do governo, tratando de crianças afastadas dos pais na Segunda Guerra Mundial. Em 1949, separou-se da primeira mulher, a artista plástica Alice Taylor. Dois anos depois, casou-se com Clare Britton, psicanalista e organizadora dos trabalhos do marido. Foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise e morreu em Londres, em 1971. As primeiras relações materno-infantis, vão se constituir desde o nascimento do bebê até os primeiros anos de vida. É uma relação na qual o par mãe-bebê se comunicará pela relação recíproca que foi desenvolvida desde a concepção, passando pelo desenvolvimento do bebê em útero, até o instante do nascimento. A partir daí, uma relação de confiança e mutualidade vai se estabelecendo, caso tudo corra bem. O bebê reconhecerá a voz da mãe e o calor do seu corpo, assim como já vivenciava tudo o que se passava na interioridade do corpo materno. A mãe, por sua vez, desenvolverá uma relação simbiótica com seu bebê e estabelecerá, com ele, uma comunicação pautada em experiências não verbais, oferecendo-se como o primeiro ambiente do qual o bebê precisa para se desenvolver emocionalmente. É essa relação que constituirá o psiquismo do bebê, seu mundo interno, seu interior e seu self.Os conceitos de verdadeiro e falso self (em inglês, palavra que se refere à própria pessoa) são um bom exemplo. "O self se forma com base nas experiências que o bebê acumula", diz o psicanalista Davy Bogomoletz, de São Paulo. "É aquilo que, embora indefinível, faz o indivíduo sentir que ele é único." A relação com a mãe leva o bebê a administrar a própria espontaneidade e as expectativas externas. "Se a mãe aceitar as manifestações do bebê - como a fome, o desconforto, o prazer e a vontade -, em vez de impor o que acredita ser o certo, o bebê vai acumulando experiências nas quais ele é sempre o sujeito, e o self que se forma pode então ser considerado verdadeiro", explica Bogomoletz. Porém o self construído em torno da vontade alheia é o que Winnicott chama de falso e que priva o indivíduo de liberdade e de criatividade.Para compreendermos as origens do indivíduo, Winnicott ressalta que devemos primeiro investigar quando os bebês foram concebidos mentalmente para que depois possamos investigar quando eles foram concebidos biológica ou fisicamente. Ou seja, antes que um bebê exista, é necessário que ele tenha sido desejado ou, no mínimo, criado na fantasia interna de um dos pais. Em seguida, é necessário que passemos a verificar como e quando esse bebê foi concebido como um "ato físico" entre o casal, mesmo que ele seja fruto de um "pequeno acidente" entre os pais. O momento seguinte é a provisão do ambiente corporal materno e o desenvolvimento do próprio feto no tocante à qualidade e vitalidade dos órgãos, com ênfase na saúde do cérebro como órgão capaz de registrar experiências e acumular dados saudáveis da provisão ambiental para, a partir daí, encontrarmos os sinais de vida e a viabilidade de o bebê nascer no tempo e na hora certa: nem prematuro, nem pós-maduro. Com o desenvolvimento do cérebro enquanto órgão em funcionamento, inicia-se "a estocagem de experiências; as memórias corporais, que são pessoais, começam a juntar-se para formar um novo ser humano. Existem boas evidências de que os movimentos do corpo na vida intrauterina são significativos, e é plausível que, de modo silencioso, a quietude vivenciada naquele período também o seja". Por fim, advém o nascimento, que é o momento em que a mãe e o bebê vão viver juntos sua primeira experiência a dois como uma só unidade.Do ponto de vista do bebê, a mudança do estado intrauterino para o estado de recém-nascido só pode ser provocada pelo processo maturacional e biológico, os quais preparam o bebê para que as mudanças sejam efetuadas na sua vida. Esse processo só poderá ser afetado caso haja algum adiamento ou antecipação do nascimento. Se o nascimento for experienciado como traumático, o bebê e, consequentemente, a mãe terão problemas tanto no curso do desenvolvimento quanto na relação materno-infantil, ameaçando a "continuidade da existência" de ambos. É importante apontar para a dimensão biológica e vitalista dos argumentos do autor: o relacionamento mãe-bebê só será satisfatório, após o nascimento, caso a mãe tenha condições favoráveis durante a gestação e uma capacidade biológica inata para gerar e sustentar um bebê vivo e íntegro, correspondendo assim à sua capacidade psicológica de lidar com esse bebê após o nascimento.Por outro lado, muitas das características do bebê também já são conhecidas pela mãe a partir dos movimentos desenvolvidos em seu ventre. Ou seja, no momento do nascimento já houve uma grande soma de experiências, tanto agradáveis quanto desagradáveis, partilhadas por ambos. Até lá o futuro bebê compartilhou o gosto das refeições da mãe, seu sangue já fluiu com maior rapidez quando comeu ou bebeu um café, um chocolate quente ou um chá ou até mesmo quando a mãe teve de acelerar os passos para executar alguma tarefa ou manter uma relação sexual. Sentimentos e sensações tais como ansiedade, tristeza, agitação, raiva, entre outras, também serão passadas para o bebê pelos laços que os unem. Se a mãe é bastante agitada, ele provavelmente se acostumará com os seus movimentos tanto no útero como fora dele e tem boas chances de ser um bebê agitado. Se a mãe é mais tranquila, o futuro bebê conhecerá a paz e poderá esperar por um colo tranquilo e aconchegante. Até esse momento, é bem possível que o bebê conheça melhor a mãe do que ela a ele e, por consequência, até a mãe poder vê-lo, colocá-lo nos braços e acolhê-lo em seu peito, muita troca de experiências já ocorreu entre a dupla.O primeiro contato após o nascimento é de extrema importância para a mãe e para o bebê. Para o que hoje profissionais da saúde, tais como obstetras, pediatras, enfermeiros ou até mesmo parteiras já admitem como prática, Winnicott não se cansou de chamar a atenção: por um lado, o quão valioso é para a mãe ver e sentir o seu bebê contra o seu corpo imediatamente após o nascimento, e por outro, o quão necessário é para o bebê entrar em contato com o corpo materno, visto que a sensibilidade da sua pele está muito aguçada. O bebê, assim, nasce totalmente não integrado, ou seja, sem nenhuma experiência de contato com a realidade do mundo externo. Dito de outro modo, ele nasce sem o sentido da sua própria corporeidade, sem as dimensões de tempo e espaço, sem conseguir reunir a experiência que viveu em útero com a experiência que passará a viver com a gravidade do seu corpo empurrando-o para baixo e levando-o para o centro do mundo quando não estiver em contato com a pele e o corpo de outra pessoa. As mãos que seguram e sustentam o corpo nu do bebê no momento exato do nascimento são tão importantes quanto a própria experiência de nascimento ou o contato que ele passará a ter com o corpo da mãe a partir de então.Um bom exemplo disso são os vídeos da enfermeira francesa Sonia Rochel, dentre os quais se destaca o mais famoso deles, Thalasso Bain Baby. O vídeo mostra sua técnica de relaxamento criada para reativar a memória corporal do bebê, de até três meses de idade, provavelmente daquilo que foi vivido em útero. Sua técnica consiste em mergulhar inteiramente o corpo do bebê em uma cuba com água a não mais do que 27 graus, deixando, às vezes, apenas seus lábios fora dágua. O bebê começa desperto e aos poucos vai sendo embalado pela fala da enfermeira, pela forma com que ela toca todo o seu corpo, pela sensação da água morna em sua pele, de modo a provocar-lhe relaxamento e sono. O banho não dura mais do que quinze minutos. Na sequência, Sonia retira o bebê da cuba, enrola-o numa toalha, enxuga-o e faz uma massagem em toda a extensão do seu corpo, dirigindo-lhe palavras afetuosas, afirmando o quanto ele é querido e amado por sua mãe. A massagem, por sua vez, produz uma excitação autoerótica no bebê, indicada pela introdução do polegar na boca1. Não é por acaso o fato de que, em francês, "mar" e "mãe" apresentam-se com a mesma sonoridade: "la mer" e "la mère", o que nos leva a afirmar e depreender que o mar (la mer) no qual o bebê se banha é constituído pelo corpo da mãe (la mère) que se oferece como um continente de acolhimento às necessidades físicas, corporais e emocionais do bebê. Há todo um conjunto de experiências pelas quais o bebê passa em relação ao cuidado que pode ser exposto do seguinte modo: a mãe que o leva ao seio para amamentá-lo; a mãe que põe o bebê após a amamentação para liberação dos gases; a troca de roupas no cuidado e higiene com o bebê; a hora do banho e a forma como a mãe toca o corpo nu do bebê em toda a sua superfície; o enxugar e vestir o corpo do bebê; o momento em que o pai ou a mãe embalam o bebê para pô-lo para dormir, ou seja, uma gama de experiências expostas diretamente a partir do cuidado ambiental e expressa através do processo de relação materno-infantil que fazem com que a mãe e o bebê tenham uma experiência única vivida a dois e na total ausência de comunicação verbal.Desde que a psicologia do desenvolvimento ou a psicanálise passaram a estudar a relação mãe-bebê, desenvolvimentistas e analistas dispõem de métodos diferentes para alcançarem seus objetivos. Na medida em que só era possível chegar a algumas hipóteses a partir da observação direta do bebê com suas mães após o nascimento, a psicologia do desenvolvimento se interessava pelos aspectos cognitivos e de aprendizagem da vida infantil, enquanto a psicanálise buscava, na vida primitiva, uma relação com o inconsciente. Mas qual o melhor cenário para que essas observações fossem realizadas? A vida cotidiana do bebê em sua própria casa e em seu próprio meio ambiente? Seu comportamento a partir de experiências controladas em laboratório? A instituição escolar ou a partir das consultas pediátricas de rotina? Para Winnicott, não era essa a questão que estava posta, e sim encontrar um sentido para o olhar do observador na relação materno-infantil, ou então submeter ao ônus da prova às rememorações verbais com pacientes regredidos no transcorrer do tratamento analítico.Ora, sem acesso ao que acontecia no ventre materno por falta de recursos tecnológicos, o bebê se convertia em um verdadeiro segredo a ser descoberto na hora do parto pela mãe, pelo pai e suas famílias. Até o início da segunda metade do século passado, em cada gravidez não era possível saber se o bebê seria menino ou menina, se teria saúde ou se nasceria com algum problema ou ainda se o processo maturacional do feto chegaria ao fim no tempo certo ou seria antecipado.Tivemos de esperar anos para que as hipóteses psicanalíticas sobre a vida pré e pós-natal pudessem ser confirmadas a partir do advento da ultrassonografia, que corroborou muitas dessas especulações, definindo o que entendemos hoje como o início da vida primitiva dos bebês.Foi graças à ultrassonografia que algumas teses psicanalíticas puderam ser comprovadas a partir de imagens geradas pela tecnologia médica. O que essa tecnologia de imagem revelou foi a individualidade do feto, por um lado, e o modo como ele se relacionava com a mãe, por outro, fazendo com que eles estabelecessem uma comunicação, ainda que simbiótica e no nível pré-verbal. Muitas dessas interpretações e imagens faziam com que os pais, ou até mesmo os obstetras "antropomorfizassem" ou "adultomorfizassem" o feto, atribuindo-lhes sentimentos, intenções e volições, ressaltando ainda mais o narcisismo dos pais, o qual se evidencia em frases tais como "ele é muito nervoso", "ela será uma bailarina", "ele (ou ela) tem a cara do pai (ou da mãe)", "este aqui vai ser jogador de futebol", "como ela é pensativa!", "ele vai ter um bom caráter", "ele é preguiçoso", entre outras. O que ficou mais evidente, principalmente em fetos mais desenvolvidos a partir de seis meses de gestação, foi a necessidade de reconhecê-los como pessoas ou sujeitos humanos, pois "os bebês são humanos desde o início".As observações de bebês para Winnicott já era uma realidade desde o início dos anos quarenta, quando passou a examiná-los em suas consultas pediátricas junto às mães. Nessas consultas, o pediatra inglês utilizava-se de uma brincadeira com o bebê que consistia em analisar seu interesse por uma espátula e como isso poderia ser interpretado na relação materno-infantil, dando-lhe pistas acerca do seu desenvolvimento emocional. A criança podia ver naquele objeto algo do seu interesse ou apenas largá-lo após algum momento sem estabelecer relação alguma com objetos internos na figura do pediatra ou da sua mãe.Trabalhando como médico com crianças separadas da família em conseqüência da Segunda Guerra Mundial, o psicanalista inglês Donald Winnicott encontrou um interessante campo de estudo que lhe permitiu perceber etapas fundamentais do desenvolvimento da pessoa. Foi assim que constatou, por exemplo, a importância do brincar e dos primeiros anos de vida na construção da identidade pessoal. As conclusões a que ele chegou são preciosas para o trabalho dos educadores.Boa parte dos conceitos de Winnicott se refere ao "desenvolvimento emocional primitivo", cujos efeitos, segundo ele, são de importância crucial para o indivíduo por se estenderem para além da infância. Muitos problemas da fase adulta estariam vinculados a disfunções ocorridas entre a criança e o "ambiente", representado geralmente pela mãe.Uma das frases famosas de Winnicott é "não existe essa coisa chamada bebê", querendo dizer que não há criança sem uma mãe (que não precisa ser necessariamente a que deu à luz). Vem daí a idéia da "mãe suficientemente boa", aquela cuja percepção - consciente ou inconsciente - das necessidades do bebê a leva a responder adequadamente aos diferentes estágios do desenvolvimento dele. Isso faz com que se crie um ambiente - nomeado por Winnicott de holding (cuja melhor tradução para o português, segundo Bogomoletz, seria "colo") - propício a um processo de formação de um ser humano independente. "O holding é o somatório de aconchego, percepção, proteção e alegria fornecidos pela mãe", diz ele. Começa como algo vital, como o oxigênio e a alimentação, e se dilui conforme o bebê cresce."Os educadores devem fornecer holding no ambiente escolar", segundo Bogomoletz. Isso significa tratar cada aluno como ele precisa. O termo "inclusão", se for levado a sério, indica uma atitude de holding. O acolhimento adequado pode, portanto, ajudar uma criança regida por um self falso - geralmente boazinha e obediente - a se tornar mais espontânea. "No entanto, é preciso que a escola aceite as temporadas de 'mau comportamento'." Trata-se de adotar sempre uma postura tolerante e criar condições para que a criança desfrute de liberdade. Nada mais importante, nesse sentido, do que o papel da brincadeira - fundamental para Winnicott, não apenas na infância, por misturar e conciliar o manejo do mundo objetivo e a imaginação. "Brincar pressupõe segurança e criatividade", diz Bogomoletz. "Crianças com problemas emocionais graves não brincam, pois não conseguem ser criativas."O cobertorzinho O movimento da psique entre o mundo das coisas e as fabricações da mente é uma atividade "transicional", adjetivo fundamental na obra de Winnicott. O conceito mais conhecido é o de "objeto transicional", representado classicamente pelo cobertorzinho a que muitos pequenos se agarram numa determinada fase. "Esse objeto é ao mesmo tempo uma coisa objetiva - existe num mundo compartilhado - e subjetiva - para seu dono, ele faz parte de uma fantasia, possui vida própria", explica Bogomoletz. Dessa forma, o objeto transicional prolonga o período em que o bebê se acredita onipotente, enquanto ele substitui essa crença com a aceitação de uma realidade sobre a qual não tem controle nem pode modificar por meio da imaginação. O bebê se vê com poderes mágicos e, com o tempo, percebe a ilusão. Mas, com as brincadeiras e o aprendizado do mundo, a criança, o adolescente e o adulto retêm o poder de criar e adaptam-se às possibilidades reais. "A fantasia é realmente a marca do humano", diz Bogomoletz. "Já a objetividade é uma habilidade que se aprende, como uma segunda língua.""A escola tem a obrigação de ajudar a criança a completar essa transição do modo mais agradável possível, respeitando o direito de devanear, imaginar, brincar", prossegue o psicanalista. O respeito que os pequenos terão pela objetividade será incorporado por eles, jamais imposto de fora para dentro. Quando livres para criar, eles, segundo Winnicott, vêem no estudo um modo de exercitar o poder de invenção. Se, no entanto, o ambiente escolar não for aberto à brincadeira, "os recreios serão tanto mais selvagens quanto as aulas forem mais opressoras ou supostamente sérias".
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Olá galera tudo bom com vocês?Comigo está tudo ótimo. Hoje vamos falar sobre René Spitz, cujo nome completo era René Árpád Spitz, veio ao mundo em 29 de janeiro de 1887. Seu nascimento ocorreu na cidade de Viena , sendo o mais velho de dois irmãos, filhos de Árpád Spitz e Ernestine Antoinette Spitz. Ele fazia parte de uma família importante e economicamente influente da Hungria e de origem judaica. Ele também tinha uma irmã mais nova, Desirée Spitz (mais tarde Bródy).Apesar de ter nascido em Viena, a família mudou-se para Budapeste, onde o jovem Spitz seria criado e começaria a se desenvolver e a treinar no nível acadêmico.Spitz entraria na Universidade daquela cidade, realizando estudos médicos. Além de Budapeste, ele estudou em outras cidades como Lausanne e Berlim. Durante esses anos, ele trabalhou com profissionais como Sandor Ferenczi e começou a se familiarizar com o trabalho de Sigmund Freud. Ele concluiu seus estudos em medicina durante o ano de 1910. Tudo isso fez de Spitz um grande interesse na psique e na teoria humanas. Psicanalítico.Um ano depois (em 1911) e por recomendação de Ferenczi, Spitz começaria a se analisar para aprender a aprender e acabou treinando psicologia psicanalítica. Tornou-se membro da Sociedade Psicanalítica Vienense em 1926, uma sociedade da qual ele participou de várias investigações. Mais tarde, em 1930, ele fez o mesmo na Sociedade Psicanalítica Alemã. No entanto, dois anos depois, em 1932, ele se mudou para a cidade de Paris, onde atuaria como professor de psicanálise na École Normale Supérieure . Além disso, pouco a pouco, seu interesse se concentraria na neurose infantil, começando a concentrar suas pesquisas no desenvolvimento de menores desde 1935.Mas chegou um momento em que o nazismo tomou o poder e um grande número de pessoas teve que emigrar para evitar a guerra, incluindo Spitz.Em 1939, durante a Segunda Guerra Mundial, esse importante profissional deixou Paris e foi exilado nos Estados Unidos sob o risco de sua vida por ter ascendência hebraica. Lá ele atuaria como professor no City College da City University of New York. Ele também produziu um filme com sua pesquisa que seria lançada em 1952 e também manteria um emprego como professor de psiquiatria no Hospital Lenox Hill.Mais tarde, ele se mudou para Denver, no Colorado, onde seria contratado como professor na Universidade do Colorado. Além de suas funções de professor, nesse período de sua vida, ele começaria a se concentrar cada vez mais nas relações entre mãe e filho e seria durante esse período vital que começaria a trabalhar com crianças órfãs.E seria com eles que ele descobriria um de seus conceitos mais conhecidos: depressão anaclítica. Analisaria também os efeitos do abandono e da privação afetiva, bem como o desenvolvimento infantil, analisando as relações objetais. Durante esse período, ele realizou numerosos estudos sobre neurose e desenvolvimento infantil a partir de uma perspectiva da psicologia psicanalítica e genética (buscando a veracidade dos dados em seu modelo). Ele também fez numerosos relatórios gráficos, como o produzido em 1952: “Doenças psicogênicas na primeira infância”.Em 1945, começaria a publicar na revista “O Estudo Psicanalítico da Criança”, e um ano depois seria publicada uma de suas grandes obras, na qual explicava o conceito de depressão anaclítica: o livro Anaclitic Depression, The Psychoanalytic Study of the Child. . Ao longo dos anos, ele fez um grande número de publicações e obras, além de continuar a ensinar na universidade. Ele foi finalmente nomeado presidente da Sociedade Psicanalítica de Denver em 1962 , cargo que ocupou até um ano depois.Entre os trabalhos e conceitos mais representativos do autor , destaca-se a concepção de depressão analítica , definida pela presença de irritabilidade, astenia , dependência, angústia, problemas de sono e alimentação, isolamento e apego e problemas precários no nível intelectual e comunicativo e motor. Essa sintomatologia parece derivada da existência de uma privação parcial de afeto durante a primeira infância, e especificamente nos primeiros dezoito meses, em que a criança não conseguiu se aproximar da mãe. Seus estudos foram realizados com crianças de até dois anos.Dentro desse conceito e elaborando sua teoria, ele estabeleceu a existência de três estágios em todo esse tipo de depressão: a fase pré-objeto, na qual o sorriso aparece como um mecanismo organizacional e não há possibilidade de distinção entre objetos ou objetos. Separada do resto, a fase do objeto precursor na qual começa a ser capaz de reconhecer o conhecido e, finalmente, a fase do objeto real, na qual uma diferenciação entre mãe e filho começa a ser entendida e a angústia quando ele se vai ; que também aparecem na angústia e na capacidade de dizer não.Suas observações o levaram a considerar que o relacionamento com a mãe é a origem e marca o conjunto de relações sociais . Ele também trabalhou em aspectos como aquisição de identidade. Outro conceito conhecido desse autor é o marasmo, que se refere ao surgimento de patologia em crianças com privação de afeto, podendo gerar um estado de grande perda de peso e apetite e que, em muitos casos, pode levar à morte da criança.A morte deste autor ocorreu em 11 de setembro de 1974, na cidade de Denver, aos 88 anos de idade.Embora ele não seja um autor especialmente conhecido pela maioria da população, seu legado ainda permanece: ele foi o primeiro a avaliar a existência de transtornos psiquiátricos em crianças e, especificamente, a mostrar interesse, analisar e avaliar a existência de uma clínica depressiva em menores. Suas obras e as de Bowlby são complementares, ajudando a entender elementos como o apego de menores. E a idéia de depressão anaclítica e reações como hospitalismo e marasmo são uma contribuição importante para a ciência. Nesse sentido, também incorpora certo rigor no manuseio da informação, obtido por meio de processos mais baseados em observação e menos abstratos do que outros psicanalistas.Estágios do Desenvolvimento:Spitz descobriu que no processo de estabelecimento das relações objetais a criança passa por três estágios: pré-objetal; objeto precursor, objeto real. O bebê não somente aumenta ou diversifica suas respostas, ele confere ao objeto um novo significado na medida do seu desenvolvimento.• 1º Estágio - Pré-Objetal Idade: até 3 meses: Inicia-se com o nascimento e termina em torno do 3º mês. A interação da criança com o ambiente externo é fisiológica; não existe vontade ou qualquer representação psíquica ou consciência. A criança não se distingue do meio, ou seja, não existe um objeto. Ela recebe os estímulos externos, e devido ao seu mecanismo de proteção interna, e nem os percebe.A única região que opera nesse momento é a cavidade oral, a boca. Tanto servindo para alimentação, necessidade fisiológica mais básica, quanto precursora dos futuros cinco sentidos: olfato, paladar, visão, audição e tato. A cavidade oral funciona, assim, como um ponto intermediário entre a percepção interna e externa.A amamentação é um momento especial para o bebê, pois as experiências da pele, mensagens ao ouvido unem-se à cavidade oral, transformando-o num imenso prazer para mãe-filho.O rosto humano estabelece-se, assim, como o primeiro sinal de memória do bebê, pois é o que mais a criança vê em uma situação que mobiliza afeto. Nenhum outro objeto é foco de atenção da criança neste período e/ou capaz de provocar a resposta ao sorriso. As emoções primárias, fome, sede, prazer e desprazer, são precursores do afeto. O sorriso surge apenas à figura humana, não acontecendo para objetos.A criança que sorri mostra-se capaz de experimentar uma emoção positiva, distingui-la e expressá-la. O sorriso aqui indica a maturidade emocional da criança – é significativo dentro da evolução da criança e denota pura recepção. A ausência de sorriso não se liga ao desenvolvimento, mas, sobretudo ao grau de envolvimento emocional da criança.Em algumas crianças hospitalizadas, Spitz não encontrou o sorriso. Pelo contrário, elas, após observarem o adulto por alguns minutos, viram para o lado, tornando impossível contato emocional. Nada parecia lhes interessar; comum em crianças enclausuradas por muito tempo em camas de hospital, tratamentos longos e difíceis.2º Estágio - Precursor do ObjetoIdade: 3 aos 8 meses: O surgimento do tônus muscular leva à sustentação da cabeça e do tronco, e posteriormente, a criança consegue manter-se sentada e com capacidade de pegar e largar objetos voluntariamente.O bebê de quatro meses pode ser visto tocando a boca, os dedos, até mesmo junto com a mamadeira, observando seus dedos no momento de preensão. Em torno do 6º mês, muitas vezes é visto tocando os próprios pés, interessando-se pelos membros inferiores.A relação com a mãe é especial, sendo que a criança mostra desconforto quando abandonada pela mãe, o que ainda não acontece quando é privada de algum brinquedo. Surge a reação de medo entre o 4º e 6º mês aproximadamente, dirigido a um objeto, pessoa ou coisa, com a qual a criança teve uma experiência negativa.É comum a criança chorar ao entrar em consultório médico, mais ainda no consultório odontológico. Mas é passageira, basta que a criança veja a mãe para que a angústia suma. Quando um estranho se aproxima, basta que ele se vire de costas para que o medo da criança seja superado. No entanto, principalmente durante as consultas médicas e odontológicas, quem deve entender primeiro essa questão do medo é a mãe, que servirá de apoio e reforço positivo para a criança.A manifestação de desconforto passa a ser através do choro, tampar o rosto e virar a cabeça. As relações da criança tornam-se mais complexas, inicia-se a compreensão de ordens, proibições, de gestos sociais como dar adeus e dar a mão.As crianças e pais imitam-se alternadamente ou ao mesmo tempo. As imitações dos pais são como exemplo: estalar a língua, bater palminhas, falar igual ao bebê. Isso muito contribui para o desenvolvimento da criança. Os pais são os veículos transmissores de cultura para a educação de seus filhos, sendo importantes as imitações que aproximam do nível de entendimento da criança. A relação calorosa interfere positivamente na tentativa da criança de ser como o modelo oferecido.• 3º Estágio - Objeto Real Idade: 8 a 12 meses: Tem início quando a criança prefere a mãe, apresentando sinais visíveis de ansiedade diante de um estranho. Criança e mãe comunicam-se cada vez mais de forma direcionada e os gestos da mãe passam a ter significado para a criança e vice-versa. O primeiro desse sinal é o balançar de cabeça indicativa de “não”. A partir do 8º mês, mais ou menos, se a mãe interrompe a atividade da criança dizendo “não” e balançando a cabeça, a criança para a atividade evidenciando o entendimento do sinal.A partir daí surge a linguagem na vida da criança. No início composta de palavras incompletas, até aproximadamente 18 meses. Em regra sua linguagem expressa suas necessidades e representa um pedido de ajuda. Só mais tarde inicia-se a comunicação com ajuda de símbolos verbais. Quando o bebê pronuncia “mamã”, isto pode significar muitas coisas e até frases, como: “estou com fome”; “quero água”; “tire-me daqui”.O gesto “não” interfere diretamente nas relações objetais, nas relações da criança com o meio. Inicia-se a chamada fase da teimosia. A mãe que até então funcionava como o ego externo da criança decidindo sobre os passeios, o local de ir, a alimentação, o que pegar, vê-se obrigada a repreender e impedir uma série de atividades. O acontecimento mais marcante dessa fase é que a criança agora sabe usar o “não” para decidir sobre o quer e o que não quer.
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Ivan Petrovich Pavlov nasceu em 1849 em Riazan, Rússia. Filho de uma dona de casa e um sacerdote ortodoxo, começou seus estudos no campo da teologia inicialmente por conselho familiar. No entanto, Pavlov era ávido leitor das obras de Charles Darwin, por isso, finalmente abandonou seus estudos no campo da teologia e começou a estudar medicina e química na universidade de São Petersburgo.Na sua época de estudante, seu principal mestre foi Vladímir Béjterev, um conhecido neurologista, neurofisiologista e psiquiatra russo. Depois de receber seu doutorado em 1883 da mão da Academia de Cirurgia Médica, mudou-se para Alemanha com o propósito de ampliar seus conhecimentos, finalmente especializando-se no sistema circulatório humano e fisiologia digestiva.Em 1890, já casado e com um filho, obteve um cargo de professor de fisiologia na Academia Americana Experimental. Por sua vez, também foi nomeado diretor do departamento de fisiologia do Instituto de Medicina Experimental da cidade de São Petersburgo, onde esteve por mais de 45 anos e realizou suas conhecidas pesquisas, entre outras, sobre o aparelho digestivo e os reflexos condicionados. Além disso, sua paixão pelo laboratório se refletiria em seus estudantes, que supervisionavam suas pesquisas, ajudavam na interpretação de dados e edição de ensaios.Nos anos seguintes, consagrou-se no estudo e investigação do aparelho digestivo e os sucos gástricos e pancreáticos, aperfeiçoando e criando técnicas fisiológicas nesse campo. É especialmente reconhecida sua invenção de uma técnica para estudar o funcionamento do sistema digestivo em animais vivos. Sua dedicação e pesquisa na atividade secretora do estômago foi premiada no ano de 1904 com o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, tornando-se a primeira pessoa de nacionalidade russa em receber esse reconhecimento de mérito.Pavlov é, sobretudo, conhecido por ser a pessoa que formulou a lei do reflexo condicional. No campo da reflexologia, foi muito influenciado por Ivan Sechenov, que investigava sobre os reflexos cerebrais. Pavlov concentrou sua pesquisa nessa atividade nervosa superior em 1907.Cabe destacar que entre 1910 e 1925, o laboratório de Pavlov se tornou o mais equipado do mundo. Depois da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia, lhe foi concebido o posto de diretor do departamento de fisiologia do Instituto de Medicina Experimental da Academia de Ciências da União Soviética. Nos anos 30 publicou uma série de pesquisas sobre a reflexologia na área da linguagem humana.No ano de 1935, ocorreu o Congresso Mundial de fisiologia em Moscou e Leningrado, contando com a presença de mais de 900 cientistas de todas as partes do mundo. Nesse mesmo congresso foi reconhecido e nomeado como o fisiologista mais importante do mundo. No ano seguinte, em 27 de fevereiro de 1936, Ivan Pavlov faleceu de pneumonia aos 86 anos.
Ivan Pavlov, em seus estudos sobre a atividade nervosa superior, fez uso do método do reflexo condicionado. Um reflexo condicionado trata-se de um reflexo aprendido, uma resposta a um estímulo que antes não causava nenhuma reação. Este reflexo aprendido é fruto da associação repetida entre esse estímulo, que anteriormente não causava nenhuma resposta, com outro que é capaz de causá-la. Esse aprendizado por associações é chamado de condicionamento clássico.Essa descoberta foi uma grande contribuição de Ivan Pavlov para a teoria da aprendizagem na psicologia, pois mostrava o mecanismo mais básico pelo qual pessoas e animais eram capazes de entender as relações entre estímulos, aprender novas respostas, variar e adaptar sua conduta com base nelas. Portanto, Pavlov introduz e demonstra um dos princípios básicos da teoria da aprendizagem.
· Estímulo neutro (EN): estímulo sem significado e incapaz de produzir uma resposta reflexa, nesse caso, o EN é o sino.
· Estímulo incondicionado (EI): estímulo que gera uma resposta no organismo de maneira inata e automática, o EI seria a comida, que causa salivação de forma natural.
· Estímulo condicionado (EC): trata-se do estímulo neutro uma vez realizada a associação com o estímulo incondicionado. Portanto, o estímulo condicionado seria o sino, uma vez associada com a comida após o processo de aprendizagem do cão, capaz de gerar salivação por si só.
· Resposta incondicionada (RI): trata-se da resposta inata provocada de maneira automática pelo estímulo incondicionado. A RI seria a salivação que é produzida pela comida.
· Resposta condicionada (RC): a resposta aprendida, que é produzida pelo estímulo condicionado. Neste caso, a reposta condicionada seria a salivação pelo som do sino.
Todo este processo é o que se conhece como condicionamento clássico, e até hoje continua sendo uma das pedras angulares da teoria comportamental e da aprendizagem. Da mesma forma, essas contribuições de Ivan Pavlov ainda são usadas para explicar a base de comportamentos como vícios e fobias, bem como base para o tratamento aversivo ao alcoolismo e outros vícios.
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Eva Furnari é uma escritora de livros infantis e ilustradora brasileira. Sua obra foi agraciada com diversos prêmios, entre eles, sete Prê...