Gestalt-terapia




Oi galera que lê o meu blog, tudo bom com vocês?Comigo está tudo ótimo. A Gestalt-terapia foi criada por Fritz Perls e alguns psicoterapeutas na década de 1950. Fritz, era muito crítico a filosofia freudiana e aos seus métodos, pois considerava voltado ao passado e muito interpretativo. Então, propôs uma terapia centrada no presente (aqui-agora) e na experiência genuína do sujeito envolvendo a sua totalidade (corpo, pensamentos, emoções e sensações) e tudo o que está presente naquele momento, também chamado de “Campo de experiência” único daquela pessoa, com todos os seus valores e significados. “Gestalt” é uma palavra alemã que significa “Configuração”, o que pode ser interpretado como “a forma como cada ser estrutura a percepção de si mesmo e do mundo”.A relação que se estabelece entre o terapeuta e o paciente é fundamental na Gestalt-terapia. Procura-se construir uma relação genuína, através do diálogo de pessoa para pessoa, que no decorrer do tempo, pouco a pouco, o paciente começa a ampliar a sua percepção e atribui seus próprios significados.Dessa forma, qualquer sintoma (depressão, ansiedade, distúrbios psicossomáticos, pânico…) vai sendo interpretado como um “sinal” do corpo, que poderá ser reinterpretado e utilizado na procura de uma auto-regulação mais saudável. Friederich Salomon Perls foi um  psiquiatra e psicoterapeuta alemão nascido em 1893 e falecido em 1970. É o fundador da Gestalt-terapia uma proposta de psicoterapia surgida em 1951 quando Perls publicou em parceria com  Paul Goodman e Ralph Hefferline o conhecido livro Gestalt-terapia. Apesar do nome Gestalt-terapia a abordagem não está apoiada exclusivamente na Psicologia da Gestalt mas também na Fenomenologia, no Existencialismo, no Humanismo, na Teoria de Campo de Kurt Lewin e na Teoria Organísmica de Kurt Goldstein. A Fenomenologia pode ser entendida como o estudo dos fenômenos.E o que é um fenômeno?Na Fenomenologia fenômeno é aquilo que aparece, ou seja, qualquer coisa pode ser um fenômeno: o nascer do sol, o cair da chuva, uma maçã, um gato. Mas a Fenomenologia não está interessada em qualquer fenômeno mas sim nos fenômenos da consciência. Edmund Husserl é considerado o fundador da Fenomenologia mas antes dele Franz Brentano já se dedicava aos estudos Fenomenológicos. Além deles pensadores como Merleau-Ponty e Martin Heidegger e outros trouxeram grandes contribuições ao campo da Fenomenologia. Mas  Husserl é sem dúvida o grande nome dessa escola de pensamento. Afinal a Fenomenologia é ao mesmo tempo uma teoria e um método.Vejamos alguns de seus princípios.Para a Fenomenologia todo ato mental incorpora algo de fora de si.Por exemplo: se eu vejo, vejo algo; se eu gosto, gosto de algo e se tenho consciência, tenho consciência de algo.Note que o ato de ver não existe sozinho, só existe na medida em que algo é visto.Assim como gostar só faz sentido quando está relacionado a algo: uma pessoa, um lugar, uma comida.Quem gosta, gosta de algo.Nossos atos mentais sempre estão relacionados a alguma coisa, ou seja, algo que aparece.Por isso a Fenomenologia entende que ter consciência é ter consciência de algo.A consciência não existe sozinha. Assim chegamos ao conceito de intencionalidade.Nossa consciência tem intencionalidade, ou seja, ela sempre se direciona a algo.Intencionalidade na Fenomenologia significa interesse, direcionamento. Não é intencionalidade no sentido de intenções ou motivações.É intencionalidade no sentido de orientar-se em alguma coisa, para aquilo que aparece. Nossa consciência se interessa pelas coisas. Contudo a Fenomenologia entende que essa consciência que se interessa pelos objetos está contaminada com interpretações, idéias, valores e suposições.Afinal, todos temos experiências passadas que influenciam a nossa forma de ver o presente. Mas a Fenomenologia também considera que nós podemos purificar a nossa relação com os fenômenos que observamos, ou seja, seria possível limpar essa relação evitando que ela seja contaminada com as interpretações que já trazemos na consciência.Por isso o lema da Fenomenologia é voltar as coisas mesmas, ou seja, tentar compreender as coisas tal como elas se mostram no presente sem contaminá-las com interpretações; ver a essência das coisas e toda a sua complexidade no aqui e agora.E quais as implicações disso para o Gestalt-terapeuta?Primeiro, a Fenomenologia nos mostra que cada pessoa é um mundo, quer dizer cada pessoa tem um um olhar só seu para a realidade, logo o papel do terapeuta não é de interpretar o mundo do cliente mas de tentar enxergar o mundo dele tal qual como se mostra. O Gestalt-terapeuta não tentará interpretar os problemas do cliente explorando o seu passado como fazem outras abordagens. Ele tentará entender o presente. O passado só se torna interessante na terapia na medida em que ele reaparece no presente.Então o terapeuta focará no aqui e agora sem interpretar a dificuldade do cliente, sem perguntar porquê.Mas perguntando: O quê?E como?O que é a dificuldade do cliente?Como ela se apresenta para o cliente?Como o cliente a vive?Como o cliente a sente?Nesse processo o Gestalt-terapeuta também ajuda o cliente a tentar compreender sem prejulgamentos e sem suposições.Ajuda o cliente a tomar consciência de si, da sua situação de vida, do aqui e agora.A ver as coisas tal como elas se mostram. A ver a existência das coisas que estão soterradas por inúmeras interpretações. Essa tomada de consciência também é conhecida como awareness. Awareness é o fundamento da Gestalt-terapia, ela se tornou muito conhecida por isso. Esse tipo de awareness requer que o terapeuta seja capaz de estar presente e se liberar de todos os pensamentos, julgamentos e avaliações para que se interesse pela experiência do cliente.Porque o que estamos fazendo é afinar o foco no cliente quando perguntamos: Qual sua experiência agora? O que sente? Do que está consciente?(Essa pergunta é chave). Porque ao fazermos isso ajudamos o cliente a ir além das idéias sobre quem ele é, quem deveria ser, ou quem ele era...e o trazemos para a atualidade do presente, qualquer que seja, feliz, triste, amedrontado. E isso requer muito apoio, porque as pessoas gastam muito tempo evitando estar no presente. Mas essa é a chave da mudança terapêutica na Gestalt-terapia. Trabalhar com awareness nos leva rapidamente à profundidade, então é uma ferramenta que precisa ser exercitada com muito cuidado e muito respeito. O uso da awareness na Gestalt-terapia é um facilitador, por isso perguntamos ao cliente: Do que está consciente agora?Contudo, é importante que eu também trabalhe minha própria awareness, como terapeuta devo me perguntar:Do que estou consciente agora? pois isso também é um ingrediente importante. Existem muitas maneiras diferentes de se trabalhar com awareness.Há o que se chama de contínuo da awareness, a questão que se repete:Do que você está consciente agora? A pergunta simples que se repete pode ajudar a focar a pessoa no presente. E na experiência presente há diferentes elementos, há a experiência somática, a experiência cognitiva e a há a experiência sensorial. Esses diferentes elementos da awareness são abordados na terapia dependendo de onde a pessoa possa estar presa, então trazer outros elementos da awareness ajuda a pessoa a se soltar. Qualquer criança está em total awareness, está naturalmente lá.Na medida em que crescemos, aprendemos a nos adaptar, somos treinados, educados.Nossa awareness tende a diminuir e tende a se tornar mais um processo de pensamento. Tudo isso é útil às vezes, mas na Gestalt-terapia queremos desempacotar um pouco disso. Desempacotar um pouco dos julgamentos e avaliações.Não há nada de errado com eles, também podem ser úteis, mas porque eles tapam o caminho que nos leva a ver a pessoa única que é o cliente. E, especialmente, tapam o caminho para se entender como o cliente experiencia o mundo. Isso é o que chamamos de abordagem fenomenológica.Estamos interessado nessa pessoa única diante de nós e sua awareness única.Humanismo:A Gestalt se encontra dentro de uma das grandes correntes teóricas da psicologia. O humanismo é definido pela volta da psicologia ao homem e às questões realmente humanas (amor, ódio, medo, solidão, saúde, beleza, virtude).O humanismo busca trazer o homem e a sua história para o centro do debate, o homem torna-se senhor do seu tempo e do seu mundo.Aqui, é o homem é capaz de autogerir-se, autogovernar-se, busca sua autorrealização. O homem pode tomar posse do seu destino.O homem é um completo vir-a-ser, nunca é algo estático ou estagnado, antes é um ser em constante transformação e mudança. Conceber o homem como um ser estático é não compreender o homem em sua essência.Existencialismo:A Gestalt-Terapia tem, dentre suas características, recuperar o homem de sua alienação existencial. O existencialismo incide sobre o pensamento gestáltico, trazendo o homem para o centro da sua singularidade. Sua subjetividade é o ponto de equilíbrio, e é na intersubjetividade que se faz humano.Ao longo de suas obras, Perls demonstrou que o objetivo da terapia era fazer com que o cliente se tornasse mais responsável, consciente, capaz de realizar um bom contato, e que, a cada sessão, o cliente se tornasse mais ele-mesmo.A espécie humana é a única capaz de existir. Existência, que pode ser traduzida por: pôr para fora, projetar-se. Essa capacidade é caracteristicamente humana, só o ser humano transcende toda barreira. Enquanto outros seres seguem sua programação biológica, o homem se faz homem, se constrói com base na cultura, na história, e na sua própria individualidade.O homem passa a ter objetivos, sua condição de existência passa a ser o seu potencial, este então passa a dar sentido para si. É o único que vive num constante devir (vir-a-ser). Tudo que este é ainda está por se fazer. O homem é, por si só, uma obra inacabada, tendo seu projeto em suas próprias mãos. Antes de tudo, existência é possibilidade de se projetar, se construir.Durante sua vida, o homem, perpassa por um meio social massacrante, avassalador, que destrói e corrompe suas potencialidades genuínas. O caminho da existência é áspero e cheio de pedras, para muitos a existência perde seu maior significado, perde-se o sentido, a sua realização passa a estar cada vez mais distante. O homem sem sentido de vida é incapaz de viver plenamente. Na existência humana, mergulhar nas trevas é parte da caminhada. No entanto, para sair das trevas, é preciso encontrar o verdadeiro sentido de vida. Diante de sua capacidade de autorrealização, mesmo no deserto, a mais bela flor consegue florescer.
Psicologia da Gestalt: Gestalt é uma palavra alemã. Existem diversas interpretações para o termo: uma diz que pode ser considerada a psicologia da forma; outra a associa ao processo de surgimento de figura-fundo. A palavra adequada para designar a Gestalt seria dizer: Gestaltung, palavra que indica "dar forma", ou seja, um processo, uma formação. A concepção da psicologia da Gestalt, até então antiga, é a teoria sobre como o nosso campo perceptivo segue determinadas tendências sob a forma de conjuntos estruturados. A percepção estruturada se daria seguindo a tendência das linhas e das formas, destacando as figuras de seus fundos. Porém, não se pode reduzir os fenômenos somente ao que é percebido (ao campo perceptivo), pois deve-se levar em conta o todo sendo diferente da soma das partes. Ex: H2O. Sabemos que a fórmula da água é de duas partículas de Hidrogênio e uma de Oxigênio; no entanto não se consegue "fazer água" apenas juntando essas duas moléculas. Assim, "o todo é diferente da soma de suas partes"; influência também herdada das psicologias de Kurt Lewin (teoria de campo) e Kurt Goldstein (teoria organísmica).A principal queixa dos criadores da Gestalt, em relação, às psicoterapias tradicionais, é o fato de elas não compreenderem o ser como um todo. Quando se analisa um comportamento, é preciso considerar o contexto, o que poderíamos chamar de espaço-tempo. Segundo GINGER: "uma parte num todo é algo bem diferente desta mesma parte isolada ou incluída num outro todo [...] num jogo, um grito é diferente de um grito numa rua deserta [...]" (1995, p14).A psicologia da Gestalt possibilitou, a Perls, estudar a hierarquia de necessidades. Ele dizia que uma Gestalt seria o processo de formação de uma necessidade em busca de sua satisfação. Então, todo o organismo seria colocado a favor da Gestalt emergente (a figura que emerge de seu fundo). Um organismo sadio estaria atento ao surgimento de Gestalten e iria rumo à satisfação.Um exemplo utilizado por Perls diz respeito a uma mãe com seu bebê recém-nascido, que, em meio a uma multidão de sons, sono e cansaço (fundo), acorda ao ouvir seu filho chorando (figura).Para alguns teóricos, uma das maiores inovações da Gestalt-Terapia em relação à Psicologia da Gestalt, é o fato de ampliar o conceito de figura-fundo, antes visto apenas como parte do processo perceptivo, mas que passa a fazer parte da motivação, esta associado ao processo de emergência das necessidades do organismo.

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Abraços,

Rebeca Lucena Dantas

Pedagoga

Discente do Curso de Pedagogia-UECE/CE

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